Sendo feliz em: L'Entrecôte D'Olivier

Sendo feliz em: L’Entrecôte D’Olivier

A alegria do indeciso é ir em um restaurante aonde não se precisa escolher o que comer. A alegria do esfomeado é ir em um open bar de batata frita e mousse de chocolate. O L’Entrecôte D’Olivier reúne essas duas qualidades.

Repito: Free batata frita! Free mousse de chocolate!

Trabalhando na Paulista há dois anos e almoçando todo santo dia nos PFs que cercam a avenida, nunca achei que fazia muito sentido pagar mais de R$19,90 por um bife com batata frita, mesmo quando o chef é o Olivier Anquier. Mas a minha curiosidade me fez ter vontade de conhecer um dos restaurantes mais famosos de São Paulo especializados nesse corte de carne.

Momento cultura: do Google (e não do francês, já que o meu é nulo), “entrecôte” se refere a um corte tradicional de carne bovina.

E como restaurantes assim costumam servir apenas um único prato, o que costuma diferenciar o entrecôte de um lugar para outro é o molho especial que o acompanha – que de tão especial, suas receitas costumam ser guardadas a sete chaves pelos chefs. Como se fossem a fórmula secreta da Coca-Cola, mas sem os tóxicos cancerígenos e os elementos viciantes.

Mas apesar do nome – e da especialidade – do restaurante, não vim aqui falar de carnes. Eu vim aqui falar de gordice apocalíptica.

Gostaria muito de enfatizar a questão sobre as batatas fritas, as quais o L’Entrecôte D’Olivier serve infinitamente. Juro.

Você pode comer batata frita até o seu VLDL, também conhecido como colesterol assassino, atingir a lua. Até o seu cardiologista ser tomado pela ira e esfaquear o cozinheiro por ter entupido todo o seu sistema arterial. Até você suar toda a gordura do seu corpo pelos poros do bigode. Até o seu personal trainer surgir debaixo da sua mesa e dar um tapa na sua cara engordurada. Até você se ajoelhar chorando e suplicar para o garçom parar de te oferecer BATATA FRITA.

Não sei se fui claro, mas eles insistem para você pegar mais um pouquinho. Como se eles quisessem ferrar com sua saúde, como se quisessem te ver indo para casa numa cadeira de rodas. Como se eles não tivessem pena de você e desejassem o seu pior. (Em outras palavras, o serviço da casa é excelente.)

E quando você acha que não aguenta mais, se lembra que existem dois estômagos no seu corpo: um para comida salgada e outro para doce. Esqueça o crème brûlée e o duetto de tiramisú que também fazem parte do cardápio de sobremesas do Olivier. Tenha foco e seja certeiro na escolha: MOUSSE ROYAL DE CHOCOLATE.

Não é refil como as batatas, porém seu pratinho pode ser recheado uma única vez com o tanto que você aguentar. Ou melhor, com o tanto que você ACHA que vai aguentar.

Porque não tem como não se empolgar ao ver uma travessa de 1 metro de diâmetro transbordando chocolate vindo da cozinha até a sua mesa. Nunca fui bom de cálculos de engenharia e sempre confundo peso com quilo, mas devem ser duas toneladas de açúcar naquele pote do amor.

Na hora da sobremesa, me senti um dos encarcerados do Carandiru ao ver a Rita Cadillac entrando no presídio de vestido curto para um show sensual.

Não tem como não se apaixonar pelo garçom quando ele começa a te servir e – depois de cinco colheradas generosas – te pergunta: “Mais, senhor?“.

“- Se eu quero mais mousse de chocolate, meu amigo? Mas é claro que eu quero! Olha bem para mim. Olha com quem você está falando, monamour. Mas eu não quero essa mousse só aqui na minha tigela, eu quero que você esfregue esse doce na minha cara. Quero que você jogue esse chocolate em mim e me chame de diabetes. Eu quero mesmo é nadar dentro dessa travessa como o Tio Patinhas nadava em dinheiro na abertura dos Duck Tales – Os Caçadores de Aventuras.
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Nadar não, né. Eu quero é sambar dentro dessa mousse de chocolate. Eu quero fazer nessa tigela de mousse o mesmo que a Rita Cadillac fazia em cima do palco no Carandiru. Quero dançar ragatanga contigo, se o Olivier permitir. Se não sabe lidar com a minha fome, deixa tudo aqui que eu me viro.”

Fiquei tão emocionado com a cena que me esqueci de tirar algumas fotos para colocar aqui, então as imagens que ilustram esse relato são todas de divulgação do restaurante.

E não que eu tenha me esquecido de falar da entrada, nem que eu não tenha adorado as nozes no meio das folhas, mas acho que uma salada não merece ser citada no mesmo texto que o entrecôte, as batatas fritas e a mousse de chocolate. 


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Angelo Lameu
29 anos
um Mineiro em São Paulo

 

Serviço:
Al. Lorena, 1821 Jd Paulista – São Paulo – SP
 Rua Dr. Mário Ferraz, 17 Itaim Bibi – São Paulo – SP