Ingrediente Rico, mas pouco valorizado
Industrialização ameaça o cultivo da araruta em território mineiro
Em todo o território mineiro é considerado questão de honra servir um café com quitutes caseiros para as visitas. Antigamente não encontrávamos uma variedade de produtos nas mercearias e padarias. Tudo o que ia à mesa era preparado pelas mãos das donas de casa e quitandeiras.
Naqueles tempos, um dos ingredientes mais comuns nas despensas era a araruta ou, em outras palavras, o polvilho extraído dos rizomas da planta, ideal para receitas de biscoitos, bolos, brevidades, mingaus, cremes e sopas.
Estudos revelam o cultivo da planta – natural das regiões tropicais da América do Sul – há pelo menos sete mil anos, tendo grande ocorrência na Região Sudeste do Brasil até às Guianas.
A planta indígena é conhecida também como araruta-gigante, “maranta audinacea” e “arrowroot”, o tubérculo antes tão cultivado, está em via de extinção. A indústria vem substituindo o polvilho da araruta pelo de mandioca, pela farinha de trigo ou milho, o que vem prejudicando o cultivo da planta.
#SalveaAraruta
Mara Salles, pesquisadora, professora e cozinheira do Restaurante Tordesilhas, de São Paulo, fez um apelo para a preservação do rizoma em sua rápida passagem pela capital mineira no Festival Fartura. Ao ser questionada sobre os ingredientes que não podem faltar na sua cozinha, ela foi enfática. “Um dos ingredientes que usei recentemente e que está cada dia mais difícil de encontrar é fécula de araruta”, destacou a cozinheira, lançando a bandeira #SalveaAraruta.
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Resgate da Araruta
Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, a Emater vem realizando o projeto de resgate do rizoma, com apoio do Ministério da Agricultura e da Embrapa, focado no cultivo de Hortaliças não Convencionais, dentre elas a araruta.
Segundo o técnico da Emater Cândido Antônio Rocha da Silva, as agricultoras familiares da região estão investindo no plantio de araruta e resgatando um antigo costume de preparar alimentos derivados da planta. “O objetivo é obter mais uma fonte de renda com a produção de polvilho feito a partir da raiz do rizoma. O ingrediente, que pode ser usado na gastronomia, é considerado saudável, mas quase não é mais utilizado, por ser raro no mercado”, explica Silva.
Onde encontrar o polvilho de araruta?
Feira Terra Viva – Quintal do Espaço Suricato. Rua: Souza Bastos, 175 – Floresta.
Contato: (31) 9635-4810.