Ingrediente da Vez: Café Américo
Aproximadamente há 100 anos, a família de imigrantes italianos Miari desembarcava no sul de Minas Gerais. Com muito esforço e dedicação, Américo Miari, filho de Giovani e Virginia, trabalhava ao lado de sua esposa, Maria Carlota para educar seus oito filhos. Superando, a pouca educação formal e a condição financeira precária, o casal batalhou até conseguir comprar uma Fazenda especializada na produção de Café Arábica. Após a morte de Américo Mairi, a propriedade foi dividida entre três de seus filhos e a parte que coube a seu filho Renato Miari foi nomeada Fazendinha do Vovô.
A Fazendinha do Vovô possui 46 hectares, sendo 29 hectares plantados com 94 mil pés de café da variedade arábica, 11 hectares de reserva florestal e área de preservação ambiental permanente e seis hectares com área de apoio à produção. Em 2003, Renato Mairi veio a falecer. Então, em 2007, a Fazendinha, passou a ser administrada, por sua viúva Neusa, pela filha Renata, e pelo genro, Robson Cunha, que concedeu uma entrevista ao Ingrediente da Vez.
entrevista com:
Robson Cunha, Administrador de empresas
Diretor na C&M Comércio e
Exportação Ltda.
Como o café passou a fazer parte da sua vida profissional?
O café acabou entrando na minha vida profissional por acaso. Desde a perda do meu sogro, minha sogra Dona Neusa não sabia direito como administrar uma terra produtiva e assim, junto a minha esposa Renata assumi essa tarefa e desafio. No início, apesar de ter acompanhado bastante as histórias daquela Fazendinha, nunca tinha tido uma relação direta com a produção rural ou cultivo de café. Mas aceitamos a responsabilidade e fomos estudar tudo sobre o mercado fascinante desse cultivo.
À medida que fomos aprendendo, íamos nos apaixonando e nos envolvendo cada vez mais. E não passou muito tempo até percebermos o quanto a cultura e nossas produções tinham de potencial. Foi muito bom começar a entender os plantios e seus retornos de acordo com a forma que nós os tratávamos. Nos aproximar dos funcionários da fazenda, a maioria antigos, e aprender com eles muito mais que imaginávamos tem sido uma experiência de constantes aprendizados e satisfações.
Como é a produção do Café Américo? Tradicional ou mecanizada?
Em nossa fazenda trabalhamos a produção tradicional e em parte mecanizada.
Qual é a forma mais correta para se cultivar o grão do café?
Sobre a forma mais correta, acho complexa uma resposta muito exata ou direta, já que cada café leva em si uma história muitas vezes mais antiga que anos que temos de vida. E os métodos são inúmeros que podem influenciar um melhor controle de qualidade para os grãos e para as plantas, mas também é importante compreender as condições dos produtores para alcançá-los.
No Café Américo com o passar dos anos, fomos aprendendo mais sobre o que as plantas precisavam, e queriam, aceitando elas em suas maneiras naturais – a ideia não é transformar a planta em uma máquina de produzir mais e melhores cafés via agroquímicos pesados que ultrapassam os seus limites; entendemos que cada uma tem a sua característica, essa mesma que vai ser percebida em seus grãos e suas bebidas, e aprendemos a gostar de cada uma delas assim.
Separamos os nossos lotes e trabalhamos cada lavoura respeitando o seus tempos naturais. E hoje, o desenvolvimento e as tecnologias nos permitem tornar o cultivo a cada dia mais “correto” (correto, para nós, significa respeitar a natureza).
Qual o diferencial do Café Américo?
O diferencial do nosso produto é o que ele representa: transparência e orgulho. Assim como a maioria das fazendas de cafés no Brasil, nossa Fazendinha foi herança de uma história, a história da nossa família. Das conquistas de cada pedaço daquela terra há mais de 100 anos, ao valor de cada história e famílias que passaram ali deixando suas marcas e mais personalidade para os nossos grãos.
Não queremos ser mais do que podemos ser. Queremos mostrar o que temos de melhor e esperamos que as pessoas que nos conheçam nos aprovem por sentir esses sentimentos através dos nossos produtos. Somos o que mostramos.
É verdade que no Brasil cultiva-se o melhor café do planeta?
Sim! Aqui produzimos o Café Américo. (risos)
Brincadeiras à parte. Acredito muito no potencial do café no Brasil. Além de ser um marco da representação do Brasil na história em todo o mundo, aqui temos condições que muito favorecem a produção de boas e melhores safras do mundo.
Não podemos negar que alguns outros países produtores como, a Colômbia ou a Guatemala não possuam condições para serem nossos concorrentes nesse quesito. Mas, cada região imputa sua história e características no grão que produz, e o Brasil nesse sentido se destaca por personalidade.
Para você: Cafezinho coado, expresso ou cappuccino?
Sou apaixonado por café, de qualquer forma ele é bem vindo, mas o que é dono do meu coração e que me acompanha diariamente em todas as manhãs e tardes é o velho e bom café coado.
Qual é o segredo do bom café? E como ele deve ser preparado?
O segredo do bom café é você descobrir a sua receita para ele (risos). Cada um gosta de tomar café de um jeito, uns adoçam, outros não, uns gostam dele mais fraco; eu, por exemplo: não. Alguns gostam da cafeteira italiana, aeropress, cold brew, e outros preferem o tradicional coado. Portanto, o ideal é você testar vários preparos e descobrir qual mais te agrada.
Nome do Café: Café Américo.
Produzido por: C&M Comércio Exportação e Importação Ltda.
Região: Três Pontas – Sul de Minas Gerais.
Espécie: Arábica.
Variedade: Icatú Vermelho e Mundo Novo para a Safra de 2014.
Processamento: Natural.
Torra: Clara e média.
Preparo: Como você preferir.
Aroma: Chocolate e nozes; Amadeirado com notas de baunilha.
Sabor: Leve, ácido e doce; Mais corpo, toque de amargor e doce.