Catuaba em sua versão: Drink de inverno
Já falei porque eu não gosto deste mês depressivo. Chegada do inverno, do Dia dos Namorados, do meu aniversário. Pelo menos existe dia 24, de São João. Não que eu seja religioso, mas por causa desse santo eu posso resumir minha felicidade de junho em apenas duas palavras: FESTA JUNINA
Melhor dizendo, se eu pudesse usar 49 palavras, elas seriam:
Arroz doce, bolo de milho verde, baba de moça, biscoito de polvilho, pipoca, curau, pamonha, canjica, milho cozido, suco de milho verde, quentão, bolo de fubá, bom-bocado, broa, cocada, cajuzinho, doce de abóbora, doce de batata-doce, maria mole, pastel, pé de moleque, quebra queixo, pinhão, cuscuz, quindim e suspiro.
E como é impossível ir à academia nesse frio, minha meta pessoal é chegar em julho pesando 790 toneladas.
Único porém é que tem tanta quermesse acontecendo junta, que eu fico perdido sem saber em qual ir. Igual no carnaval, quando a agenda de bloquinhos estava impossível de se gerenciar. Por exemplo:
Num mesmo domingo teve Baixo Augusta, Chá da Alice e Gambiarra aqui em São Paulo, horário igual, bairros diferentes. Sem falar que no sábado anterior tinha folia lá na Ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara. Ou seja, impossível de estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
Eu não sei lidar com isso. Chega a me dar um siricutico.
E se você acha que eu não posso confundir Festa Junina com Carnaval, fique sabendo que a Vila Isabel já foi campeã no Rio de Janeiro cantando “Festa no arraiá, é pra lá de baum” em plena Marquês de Sapucaí. Então eu posso misturar os assuntos, sim.
A começar pela bebida.
O drink do verão paulistano esse ano foi a Catutônica. Uma taça elegante. Dois cubos finos de gelo. Meio limão espremido. Três dedos de água tônica para dois de catuaba. Ou o contrário, caso você esteja num estágio avançado do alcoolismo.
Observação: para quem não sabe, catuaba é uma bebida alcóolica feita de fermentado de maçã, guaraná, vinho, marapuama e extratos de plantas afrodisíacas. Em outras palavras, é o shake do amor.
Mas voltando ao drink do verão, a sua versão carnavalesca pedia algo bem mais prático e você devia substituir a taça por um copo plástico, os cubos finos pelas pedras de gelo (cheias de bactéria!) dos isopores dos vendedores de latinha e esquecer o limão! Manusear esta fruta no meio de um bloquinho, em baixo do sol quente, é pedir para manchar a pele.
Verdade é que chegou quarta-feira de cinzas e eu já estava bebendo isso maravilhosamente quente, no bico da garrafa, ainda na gôndola do supermercado.
Quanto à marca, eu nunca fui ligado nisso, mas gosto da minha bebida em sua forma mais clássica: recomendo Selvagem, aquela com o rótulo do Conan, o Bárbaro. Caso você esteja passando por problemas de prisão de ventre, sugiro a catuaba Virtude para dar uma limpada no seu intestino.
Um dia eu conto minha história com ela e explico o porquê.
Fica a dica, e segue a receita.
Dizem que a tendência para o verão 2017 é a Catugética, já que estão prevendo a substituição da água tônica pelo Red Bull no preparo do drink. Por causa da cafeína e da taurina, melhor mudar a proporção para 1 para 4.
Mas enquanto dezembro não chega, a pergunta que não quer calar é: QUAL A MELHOR FORMA DE TOMAR A MINHA CATUABA NESSE INVERNO?
Há uns anos atrás passei o fim de semana com uns amigos, em um sítio isolado da cidade. Após o fim das cervejas, vodcas, refrigerantes, água mineral e água potável, só havia nos restado intactas duas garrafas de Selvagem e algumas frutas.
Resultado: o melhor quentão que eu já tomei na minha vida.
Este mal feito é muito fácil de fazer: despeje em uma panela toda a catuaba que você tiver na sua dispensa e jogue todas as frutas que você tiver a seu alcance. Esquente até ferver e deixe a mágica acontecer. Sirva aos seus convidados até todos estarem se sentindo sexualmente atraentes.
Uma dica: para deixar essa gororoba um pouco mais apresentável, use acessórios para adornar os copos. Por mais que não combine com o clima de festas juninas, eu sou brega mesmo e adoro colocar um guarda-chuvinha e um pedacinho de maçã pendurado no copo.
Só peço cuidado! Se a catuaba em condições normais de temperatura e pressão já faz um efeito que é um deus-nos-acuda, sua versão esquentada é como se as barragens de Mariana estivessem se rompido na sua libido.
S A I D A F R E N T E Q U E A T R Á S V E M G E N T E !
Angelo Lameu, 29 anos.
Engenheiro de Produção
Um mineiro em São Paulo.