Quarentena e minha cozinha

Quarentena e minha cozinha

O momento pede resguardo, respeito, empatia e principalmente compreensão. Os restaurantes estão aos poucos baixando as portas, fechando por tempo indeterminado, tentando se reinventar e buscando alternativas.

Neste momento o Delivery veio como uma alternativa, para muitos a luz no fim do túnel ou a salvação certeira para evitar o desperdício, a propagação da epidemia e principalmente, uma conta em vermelho no fim do mês. Mas será que este é mesmo o caminho? São brigadas inteiras, copeiros, auxiliares, garçons e faxineiras, vivendo a aflição do incerto, pessoas que ainda se deslocam para atender a demanda, cumprir o horário, garantir o sustento dos seus e dos nossos. É justo, nos resguardar e deixar esses profissionais a mercê?

A verdade é que ninguém pediu para o vírus chegar, mas se a gente não parar, ele não vai pedir licença, vai chegar chegando, mostrando à que veio. Compreendo que a economia não anda a das melhores, mas o momento é preservar vidas – quanto mais cedo nos recolher – mais cedo tudo volta ao normal.

Em meio ao caos, otimismo sim! O mercado não pode parar e a economia deve continuar girando. Não tenho a fórmula mágica, mas respirei fundo e listei estratégias para atender de forma segura, responsável e que reduza o risco.

Reduza a equipe e a produção, adeque-se a demanda – às vezes menos é mais. Olhe com carinho para o estoque e faça dele a peça chave, reformule o menu dando preferência ao que já têm, reduza a ida às compras e o uso de perecíveis (como legumes e verduras de perda rápida), deixe a ida ao mercado para uma vez por semana. Ofereça conforto, visando toda família e a construção de combos com mais de uma refeição. Dê alternativas de pagamento, evitando total contato no momento da entrega.

Passe tranquilidade e segurança informando que também estão se resguardado. Explique como eles devem proceder ao receber os produtos e deixe claro, nas nossas cozinhas, as normas da vigilância sanitária são seguidas e respeitadas antes mesmo da chegada do vírus, que o álcool 70% sempre foi nosso aliado.

Por hoje, desejo dose de tranquilidade e duas colheradas de cabeça no lugar. Isso, não vai fazer mal a ninguém. No mais, devemos continuar distribuindo abraços, aconchego e amor em forma de comida sem deixar de auxiliar nossos companheiros da cozinha. Meu nome é Ana Sandim, cozinheira do Ingrediente da Vez, que acredita e confia na criatividade da nossa gastronomia e que juntos somos mais fortes.”

Ingrediente da Vez na coluna de gastronomia da Degustatividade no Jornal da Cidade BH.