O desafio de cozinhar no inverno

O desafio de cozinhar no inverno

O grande desafio de cozinhar no inverno, para quem não sabe sequer fazer uma omelete, é ser criativo para elaborar pratos além das lasanhas congeladas da Sadia. Como se faz um caldo? Ou uma canjica? Ou qualquer coisa gostosa que seja servida a uma temperatura superior a 50°C? Aceito dicas, receitas e sugestões por inbox. 

Me enchi de coragem e saí à noite, numa temperatura ambiente de Zero Kelvin, para dar um pulo ao supermercado. Um pacote de macarrão escolhido, um punhado de legumes para refogar e uma espera gigantesca para se chegar ao caixa rápido.

– Nesse friozinho, não há nada melhor que uma sopa bem quentinha, não é mesmo meu menino?, indagou uma velhinha na fila do caixa, querendo puxar papo.

– Minha senhora, se você soubesse o tanto que eu não sei cozinhar, ficaria com dó de mim e iria lá para casa fazer minha janta. Sou do tipo de chef que não sabe a diferença entre manjericão e hortelã., respondi.

– Meu rapaz, se você soubesse quando foi a última vez que eu cozinhei para um homem, e a vontade que eu tenho de repetir a dose, não me chamaria duas vezes.

– A Dilma ainda presidente do Brasil?

– O Sarney, meu filho. O Sarney. Se eu estivesse nos meus áureos tempos, não estaríamos mais aqui perdendo nosso tempo na fila discutindo política. Nem estaríamos mais passando frio, apesar de muito menos roupa.

Envergonhado e com o rosto corado de vermelho, fingi que não ouvi e permaneci imóvel, olhando para o teto e rezando para esse constrangimento passar logo, enquanto aguardava minha vez.

Eternos seis minutos e quarenta e dois segundos de agonia, com medo de cruzar os olhos com a vovozinha e ela puxar papo comigo novamente.

Para minha sorte, os áureos tempos desta senhorinha se deram na década de 40, e ela já não possuía mais a mesma motivação de outrora. Já levei algumas cantadas em filas de mercado, mas nada chegou perto da ousadia da vovó – talvez o frio está afetando sua cabeça já possuída pelo Alzheimer.

Talvez seu corpo já vive possuído pelo ritmo ragatanga.

Mas como a sabedoria popular nos manda ouvir – e aprender – com os mais velhos (haja o que houver!), fica o ensinamento do dia: “Em tempos de Tinder e Happn, quem tem lábia tem tudo.”

Por pouco esta senhora não levou para casa um rapazinho na flor da idade, exalando hormônios, sem precisar abrir um aplicativo de pegação nem tirar um selfie para postar no Insta. Sem a necessidade de gastar um kb de conexão da Tim, temos uma economia de R$ 0,75 ao dia.

Considerando a gororoba que ficou o meu macarrão com legumes, e o frio que eu passei de madrugada, fiquei imaginando se não deveria ter dado corda à audácia da Dona Matilde.

Para as noites frias na terra da garoa
Festival de Sopas Ceagesp

A temporada 2016 do Festival de Sopas Ceagesp teve estreia no mês de maio e se estende até o dia 21 de agosto, de quarta a domingo, a partir das 18h. Pelo preço fixo de R$ 33,90 por pessoa (bebidas e sobremesas à parte), os clientes podem saborear à vontade seis tipos de sopas por semana, incluindo a famosa de cebola.

O Festival funciona no Espaço Gastronômico Ceagesp, local com cerca de 400 lugares, com total acessibilidade. A entrada é sempre pelo portão 4 da Ceagesp (altura do 1.946 da avenida Dr. Gastão Vidigal, na Vila Leopoldina, Zona Oeste da Capital).

Realizado desde 2009, durante as comemorações dos 40 anos da Ceagesp, o Festival de Sopas Ceagesp atrai milhares de paulistanos e gente de todo o País, e faz parte do calendário gastronômico de inverno da cidade de São Paulo.

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Angelo Lameu, 29 anos.
Engenheiro de Produção 
Um mineiro em São Paulo.