As cores e os aromas do Mercado Central

As cores e os aromas do Mercado Central

Do interior para a Capital. Após um tour pelo Mercado mais famoso da cidade, a jornalista Lívia Tostes compartilhou com o Ingrediente da Vez sua história e os encantos encontrados e vivenciados por lá.

Como é possível andar em um labirinto sem se perder? Esse labirinto que estou me referindo fica localizado entre as ruas Santa Catarina, Goitacazes, Curitiba e Augusto de Lima, em pleno centro de Belo Horizonte. Sabe de onde estou falando?

Esse mesmo, o Mercado Central. Moro na cidade há pouco tempo, mas desde criança frequento os corredores do grande mercado com minha mãe, que anda por ali como se estivesse em casa. Depois de velha, mudei para a capital e como uma boa belo-horizontina que venho me tornando, não pude deixar de andar pelos corredores do famoso mercado e desfrutar de tudo que posso encontrar ali dentro.

Sou uma pessoa bem curiosa e não me dei por contente em apenas passear pelos seus corredores. Tratei logo de conversar com a administração para saber um pouco da história daquele lugar incrível e, aproveitando o aniversário 86 anos, fiz um tour pela exposição que apresenta toda a história com uma moça muito simpática, a Silva Drumond, que cuida da área de eventos.

Entre uma conversa e outra, ela contou a história de Natanael Israelista Silva, que toda semana passa para ver a exposição e da última vez levou uma fotografia de 60 anos atrás, na qual ele- ainda moleque- estava ao lado do pai, que era um frequentador assíduo do Mercado.

Depois de conversar com Silva, que voltou para seu trabalho, continuei meu caminho pelo labirinto, proseando com figuras que estão por ali quase uma vida.

Reis do Mercado

Entre as andanças, conheci os três “Reis Magos” (dos ingredientes) seu Percy, o “Rei do Alho”, Jacir, “Rei do Fubá” e João o “Rei da Feijoada”.

O Mercado Central é praticamente um palácio, mas cada rei no seu quadrado, ou melhor, na sua barraca. Todos esses reis têm cerca de 50 anos que estão por ali, criaram seus filhos com o dinheiro suado do trabalho diário, sem folgas no final de semana. Alguns cresceram e viraram doutores, mestres ou professores, outros seguiram a profissão de comerciante do pai, onde trabalha lado a lado.

Geração para Geração

A gente pensa que a rotina deles é a mesma: todos os dias às 07 horas da manhã estão lá, abrindo as portas, com um sorriso estampado na cara e permanecem por lá até às 18 horas. Errado! Para quem trabalha com o público, cada dia é diferente: uma história nova a cada dia, um sorriso, um freguês novo e todos contam isso com muita alegria e ressaltam que hoje não precisam trabalhar tanto, pois tem os filhos seguindo seus caminhos.

 São várias barracas, o cheiro das ervas, de frutas desidratadas e frescas (o abacaxi… como cheira aquela praça), o cheiro do fumo, cheiro ruim dos animais, o cheiro da fritura, da carne e da cerveja. E que loucura são os bares!

Fiz questão de me sentar, pedir uma porção de fígado acebolado (olha que nem gosto, mas a moça – atendente – toda carismática, me convenceu a experimentar) e uma cerveja bem gelada. Ali fiquei por horas, observando o público que frequentava o espaço na manhã de sábado.

Alguns pareciam que nem tinham dormido, saíram da balada e continuaram bebendo manhã adentro. Grupos de amigos de todas as idades comemoravam a chegada do final de semana e o merecido descanso no Mercado Central, naquele corredor que é pura fumaça da chapa de fritura.

Para finalizar o tour pelo labirinto central, dou de cara com uma noiva fazendo um ensaio fotográfico, diferente e ousado. Diferente dos tradicionais e chatos álbuns feitos em jardins ou em ruas bonitas. Uma pena que ela estava muito ocupada como todo o ensaio e não tive a oportunidade de conversar com ela. Apenas desejei um belo casamento.

Depois desta vivência no Mercado Central, batendo papo com pessoas incríveis e ricas de conhecimento, posso falar que ele se tornou minha paixão em Belo Horizonte.

Não se perca no mercado! Veja o mapa e saiba como percorrer o labirinto mais lindo da cidade.


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